Eu odeio o Android: dando uma chance ao Windows Phone 8

por Marcos Elias

Eu odeio o Android. Odeio. Tem me tirado do sério, sabe?! Muitas coisas, algumas pequenas, porém que acumuladas… Não dá mais. Chega.

Depois de perder meu Milestone eu fiquei sem opções de Android legal pra comprar. Não quero os top, seria desperdício para meu uso. Quero um intermediário (de R$ 500 a R$ 1000). Entre as opções escolhi… Um com Windows Phone. Lumia 620. Sei que a bateria e a câmera decepcionam, mas darei uma chance ao sistema mobile da Microsoft. Mais pra frente comento sobre ele. O Android perdeu um usuário. Talvez recupere, mas acho que não tão cedo.

Tive muitas decepções com ele, e tenho várias experiências negativas com o Xoom, da Motorola. A Motorola leva parte da culpa. Mas não toda: há coisas que odeio no Android em si. Na forma como ele é gerenciado pelo seu fabricante. Muita falta de comprometimento. Ou talvez eu que sou exigente demais?

Porque eu amo o Android

Eu amo o Android: ele é um sistema robusto que proporcionou a meio mundo uma experiência top de linha com os celulares, especialmente em países mais relaxados, como o Brasil. Nunca que boa parte da população aqui terá um iPhone nos moldes atuais (diferente dos EUA, por exemplo). O Android veio para ficar, veio para fazer smartphones de verdade sem cobrar por status.

Smartphones Android e depois os tablets revolucionaram o mercado (leia estes links, eu falo bem da plataforma!).

Mas não nego que há muitos pontos negativos, e para mim já deu. Cansei. Eis a próxima seção.

Porque eu odeio tanto o Android

Meu ódio ao Android começou com o Milestone, da Motorola. Um bug louco fazia com que qualquer mexidinha no conector do fone de ouvido abrisse o app de música. Boa parte do meu uso dele era feito com fone de ouvido, muitas vezes deitado ou no carro ou ônibus. Isso era terrivelmente irritante. Depois de cansar de procurar e testar diversas ROMs alternativas, eu só consegui resolver o problema desinstalando o lixo do app nativo de música (usando o Root Uninstaller).

Como pode um aparelho vendido por cerca de R$ 1000 ter um bug tão tosco desse, sem solução prática oferecida pela Motorola? E pra piorar nem ela nem Google atualizam o Android no Milestone. A versão 2.2 oficial mantinha o maldito bug. Na época a Motorola não era do Google ainda.

Mas não era só isso. Esse caso foi um problema pontual, digamos: um problema de um aparelho específico, que não pode desmerecer toda a plataforma.

Meus principais ódios ao Android vieram crescendo com base em itens como:

• Falta de atualizações. Sério, na boa: o iOS é atualizado até mesmo em aparelhos de uma ou duas gerações anteriores, algumas vezes mais. O Android… Esquece. Dispensa comentários. Tudo bem que dá pra instalar ROMs alternativas na maioria dos aparelhos, mas o procedimento não é tão simples e não é suportado oficialmente. Google e fabricantes são preguiçosos, não estão comprometidos em oferecer uma boa experiência para todo mundo. Querem que você compre novos aparelhos, aí sim com as últimas versões do sistema… Que provavelmente também não serão atualizados assim que sair a próxima. Mesmo que seja um upgrade incremental. Boa parte dos meus amigos com smartphones Android mais antigos têm a versão 2.2 ainda – nem pro 2.3 chegar até eles… A falta de atualizações é ruim porque deixa bugs conhecidos abertos, não aprimora a experiência do usuário e impede o uso de alguns programas recentes, que precisam das novas APIs e recursos.
• Falta de atualizações [2] e desrespeito internacional: o Xoom nos EUA tem o Android 4.1. No Brasil parou no 4.0.4. Ok, erro 404 – Android não encontrado. Nunca mais compro Motorola e dificilmente comprarei outro tablet Android de qualquer marca. Há explicações que teoricamente satisfazem os clientes, mas… Para mim não tem essa de “testes” que precisam ser feitos com as redes das operadoras… Po, todo celular xing ling com sistemas desconhecidos e alterados trocentas vezes funciona normalmente. Mantendo o mínimo do mínimo de compatibilidade com os padrões da rede celular não há o que testar tanto. A fragmentação das versões do Android me irrita demais.
• Falta de comprometimento com segurança no Android Market Google Play. Há muitos relatos de malware e vírus e outras pragas que são distribuídas por meio do canal de distribuição oficial! Tudo bem que esforços diversos foram feitos no sentido de coibir, identificar, remover e talvez punir tais apps e seus desenvolvedores, mas na prática… É muito fácil baixar um app para Android pensando ser uma coisa e depois ver que é outra. Meus parentes, amigos mais noobs e tal sempre se perdem. Há muitos apps falsos, que imitam ou usam nomes de marcas famosas (tá, isso também tem na App Store da Apple). A verificação de apps do Google é bastante falha. Eu não consigo recomendar Android para leigos de consciência tranquila… Justamente pela falta de segurança de alguns aplicativos encontrados na loja oficial. Se fosse um download à parte ou uma modificação voluntária, beleza, seria problema do usuário… Mas acho inaceitável baixar malware pelo canal de distribuição oficial de softwares para a plataforma. Não curti.
• Decepções com apps nativos. O cliente de e-mail do Gmail com frequência fecha sozinho no meu Xoom ao alternar a conta, ou adicionar uma nova. No Milestone eu enfrentava demoras para a sincronização. Às vezes era mais fácil abrir o Gmail.com pelo navegador do que tentar esperar o app atualizar a caixa de entrada. No Xoom algumas mensagens demoram uma eternidade para serem enviadas – ficam por vários minutos ou horas na caixa de saída. Isso me irrita profundamente. Algumas vezes preciso reiniciar o Xoom para que as mensagens sejam enviadas. O do YouTube (feito pelo Google!) não respeita desativação da rotação automática nas opções do Android. Quero ver vídeos com o tablet deitado na cama, porém em modo paisagem – e o app muda para retrato. Tenho que ficar torcido. Direto a postagem de comentários falha e eu perco o texto. Experiência bem ruim. Lixo. Ah, o Xoom reinicia sozinho às vezes ao usar o Chrome (e eventualmente com outros programas). Me sinto usando um Linux na década de 90 com placas-mãe baratas. O Milestone também reiniciava, e já vi várias vezes alguns modelos dos Galaxy da Samsung reiniciarem, além de problemas diversos em programas nativos.
• Maps offline no Brasil: dispensa comentários. Os Nokia vêm com os mapas offline da Nokia, sem custo adicional pelo sistema. Funcionam offline com o GPS do aparelho sem precisar de plano de dados. Chupa essa, Android. O Google Maps é muito bom mas depende da conexão, não se compara a um app bem desenvolvido com funcionamento offline. Juntando os outros problemas a essa frescura do Google Maps, optei pela concorrência dessa vez.

Há mais coisinhas, mas as principais foram essas mesmo: falta de atualizações, relaxo em alguns apps nativos e falta de segurança no canal de distribuição oficial. Qualquer um pode publicar apps maliciosos ou falsos e enganar milhares de usuários. Até ser descoberto os danos já foram feitos. Estou fora!

Adeus, Android! Migrei para o Windows Phone 8

Eu ia comprar o RAZR D1, gostei dele pela faixa de preço, apesar de ser Motorola… Fiquei interessado na promessa de atualização para a próxima versão do Android, algo raríssimo em aparelhos fora da linha Nexus. Erraria uma terceira vez? O Xoom não é tão mal assim…

Pensando bem, decidi pegar o Lumia 620 com Windows Phone 8 (um modelo intermediário). Não queria nada com o 7.x porque ele não seria atualizado para o 8 (dadas as grandes diferenças na plataforma, ok, entendo: o 7.x era baseado no Windows CE, e o 8.x é baseado no NT dos desktops).

Acompanhando os lançamentos e vários reviews, além de já ter pego em alguns pessoalmente – ainda que por pouco tempo – curti muito a proposta do Windows Phone. Vai ser uma experiência interessante, bem diferente. Ele não é uma inspiração ou cópia dos conceitos do iOS ou Android, nem tenta levar para as telas de toque características dos desktops de 1990. Ele é uma proposta nova, uma interface realmente diferente de tudo o que existe. Não tão nova assim, já está aí há algum tempo, apenas crescendo devagar. Acredito que é um bom sistema. Personalizável, com foco nas pessoas mais importantes e não em ícones (desconsiderando limites da interface, que é simples e não oferece opções de personalização muito além das cores). Curti. Outra coisa que me agrada nele é que o lançador (menu, tela, interface de usuário, etc) roda suave em todos os aparelhos: não há aquelas travadinhas nas rolagens como há nos Androids mais baratos.

Falarei mal do Windows Phone se precisar sim, claro. Daqui alguns dias (ou semanas) publico algumas impressões. Quero MUITO um smartphone com Ubuntu (talvez um com Firefox OS também…), mas não podia esperar. Estava sem smartphone há muito tempo (procurando um modelo razoável) e precisava logo de um. O Android conseguiu perder um usuário. Talvez um dia recupere, se melhorar nos pontos citados.