Gosta de tecnologia? Você deve aprender inglês!
por Marcos Elias
#fato.
Pode parecer um exagero num primeiro momento. Não é menosprezando o idioma nativo, nada disso: por mim (um livre pensador, defensor de liberdades individuais…) pouco importa o território em que você nasce. Você não pediu pra nascer na família em que nasceu, num local delimitado por um grupo de pessoas que falam o idioma X ou Y. A questão é que, queira ou não, a grande maioria do conteúdo disponível na internet está em inglês. E se você quiser aproveitar estes conteúdos, o lance é aprender inglês…
Há muita coisa em bom português. Claro. Software, livros, tutoriais, dicas, fóruns de ajuda, comunidades… Mas o seu mundo ficará incrivelmente maior quando você souber inglês. Não precisa nem mesmo falar ou escrever, basta conseguir compreender a leitura e, se puder, a audição.
Quando você entende inglês você pode ir buscar conhecimento direto nas fontes.
Não precisa ficar esperando sites nacionais traduzirem notícias, quase sempre com alguma perda das informações originais (até porque uma tradução completa depende de autorização, para evitar encrencas com direitos autorais…).
Quem sabe ler e compreender áudio em inglês pode:
- Ler livros originais em inglês. Muitos livros técnicos ou específicos não são traduzidos. E isso nem depende da área de tecnologia: serve para diversas áreas do conhecimento humano. Livros no Brasil podem ser comprados de fora sem os tradicionais roubos dos impostos de importação.
- Ver palestras, keynotes, tutoriais… Não fiz pesquisa detalhada, mas aparentemente há muito mais vídeo-aulas em inglês no YouTube do que em português. Achei uma série de aulas de programação do meu interesse que, até então, não havia encontrado em português (digo com vloggers comuns mesmo, gente que faz em casa). Das empresas que disponibilizam conteúdo em vídeos na internet você pode entender diretamente o que é abordado, como as keynotes de apresentação da Apple ou da Microsoft, ou até mesmo desabafos e entrevistas com a galera por trás do Linux. São vídeos que raramente serão traduzidos para o seu idioma. Traduzir ou legendar dá um baita trabalho, e muitas vezes também acaba caindo no problema de direitos autorais. Poucas pessoas traduzem vídeos de graça, e quando traduzem, é comum que apenas uma parte seja traduzida. Um recurso surpreendente que pirei quando conheci foi o Open Courseware, um projeto do MIT seguido por diversas outras universidades dos EUA. Elas disponibilizam cursos praticamente completos de forma gratuita na internet (são vídeos das aulas reais, gravadas mesmo!). E não é só de tecnologia, mas de várias áreas!
- Pesquisar em inglês. Tudo o que você busca na internet, que não seja específico do seu país ou local, pode ser pesquisado em inglês – ou outros idiomas populares. Isso pode lhe dar maiores chances de encontrar aquilo que você quer – desde fotos de mulher pelada até instruções de construção de placas de circuito.
- A vida dos desenvolvedores em geral fica mais fácil quando sabem inglês. Quase sempre as linguagens de programação são escritas usando termos do inglês – como if, while, make… Mas isso é insignificante, pois uma vez decorado você nem precisa saber o que significa. Já para a documentação e leitura do código fonte, isso não é válido: quase sempre está em inglês. Por exemplo, suponha que você saiba programar em C++ e queira recompilar um projeto de software grande, como o Google Chromium ou o Mozilla Firefox. Entender o código, a documentação e o que faz cada parte poderá trazer uma boa dor de cabeça sem inglês básico. Em programas pequenos você pode ir lendo pela lógica de programação mesmo, sem saber nada. Mas quando o projeto é grande, o processo é demorado e você depende dos comentários nos códigos, arquivos readme.txt e tal… Complica.
Tradutores automáticos ajudam, mas não garantem nada. São falhos e nada práticos para uso sério. Se você fosse compilar um grande projeto de software usando um tradutor automático para ler os comentários no código provavelmente levaria um bom tempo a mais.
Minha experiência pessoal com inglês
Você não vai aprender inglês numa escola pública (de ensino fundamental e médio). Esqueça. Se conseguir aprender o básico do básico, ótimo. Mas pelo que vi na adolescência na década passada, o problema da educação pública é muito grave. Duas aulas de inglês por semana, sem um acompanhamento efetivo, correrias, foco em gramática… E não, não é aprendendo gramática que você aprenderá um novo idioma. Se você tem uma família que fala português, você não aprendeu o português assim! Você não precisa conhecer as figuras de linguagem, classes gramaticais, regras de acentuação e uma série de outras coisas para falar português. Uma criança de 5 ou 10 anos pode se comunicar perfeitamente bem sem saber nada disso. Com o inglês não é diferente. Ou você acha que as crianças norte-americanas aprendem gramática, tempos verbais, adjetivos e outras coisas nos primeiros meses de vida?
Quando você perceber e mudar a forma de tentar aprender inglês, o ritmo de aprendizado fluirá para melhor, naturalmente. Dedicação é a chave, os métodos usados também. Mas se for um autodidata, você tem maiores chances de aprender se fizer uma imersão no mundo da língua. Não precisa ficar preso a gramática.
Eu nunca fiz curso de inglês. Não falo e rabisco bem pouco na escrita, mas de qualquer forma falar não está nos meus objetivos a curto-médio prazo. Já ler e ouvir não: foram as práticas que eu peguei mais pesado nos estudos como autodidata. Hoje acompanho vloggers e materiais de tecnologia e entendo praticamente tudo, sem nunca ter entrado numa escola de inglês. Curto muito ver os vídeos em inglês sem legenda, soam tão naturais… Especialmente as keynotes e apresentações de produtos. Do ramo de tecnologia consigo compreender praticamente tudo, mas com músicas, filmes e alguns outros temas começa a dar uma complicada. Para quem nunca estudou inglês em escolas dedicadas está ótimo :)
Pretendo fazer um dia usando o método Callan, um sistema muito louco onde você aprende na marra, se não aprender por dedicação aprende por osmose. Nele você fala desde o primeiro dia. Há várias escolas mundo afora que usam o método. Há livros e mp3 no site oficial, callan.co.uk.
O segredo é a imersão no mundo do idioma. Aproveite o tempo livre e os recursos que a internet oferece! Há muitos vídeos na internet de graça, tanto apresentações técnicas como de TVs e sites do exterior. Rádios, como BBC, podcasts e videologs…
Claro, chegar no nível em que você começa a compreender o áudio demora um pouco, mas é uma sensação maravilhosa quando você consegue.
O fato é: se você não tentar, nunca conseguirá.
Não é uma escolha que vai lhe ensinar idioma algum. É a sua força de vontade. É a sua dedicação.
Nem todo mundo tem a “sorte” de conseguir estudar por conta própria, mas com algum esforço não é tão complicado.
Eu tenho alguns textos na página /aprenderinglês onde indico alguns meios para obter conteúdo de ajuda para aprender o idioma. Se você já entende um mínimo de inglês lido (em texto), dê uma olhada. Há o English for Reading, um projeto brasileiro que foca em textos curtos engraçados. Um dos que eu mais curti foi o English as a Second Language Podcast. São podcasts gratuitos sobre diversos temas, onde o cara fala tudo bem devagar – você já precisa dominar um mínimo de listening para isso, mas enfim, pode improvar, ops, melhorar bastante sua compreensão. Ele tem um plano pago com um Learning Guide, um transcript de tudo o que é falado e várias dicas. Se você quer ouvir acompanhando o texto até vale a pena, mas eu não peguei – deixando claro que isso é uma dica, não é propaganda, nem ganho nada com o ESLPOD. Os podcasts em mp3 gratuitos me ajudaram muito há alguns anos a tomar o hábito de ouvir em inglês. Ouvir, ouvir, ouvir. Não dá para ouvir nativos vivendo com famílias brasileiras, mas na internet tem muita coisa de graça. Saber aproveitar estes materiais é questão de tempo, mas se você quer, o começo precisa ser dado!
Siceramente, não recomendo escolas de informática que começam a ensinar gramática e regras formais da língua. As pessoas não falam um idioma pensando em regras. Apenas falam! Muitos profissionais de mente aberta também não recomendam tais escolas. Por isso o método Callan cai como uma boa, mas claro, ele não é a única forma de ter inglês fluente.
Por falar em pensar, uma chave é aprender a pensar em inglês, ou pensar naturalmente. Se você for ficar traduzindo tudo não dará certo. Seria parecido a tentar modificar recursos no Chrome ou Firefox (ou num programa grande qualquer) usando o Google Translate. No final até funciona, mas bem fora do ideal.
O objetivo deste artigo?
Tentar dar o pontapé inicial. Se você já decidiu que quer aprender inglês, mas fica esperando o conhecimento simplesmente cair do céu, corra! Se ficar parado deixando para “um dia…” você nunca sairá do lugar. Aproveite as dicas, os podcasts, os milhares de vídeos disponíveis na internet… Basta tomar atitude, separar algumas horinhas por dia e mandar ver – para começar, serve aquele tempo no trânsito…
E você, tem alguma dica de como aprender inglês sem sair de casa? Quais métodos utilizou? As escolas tradicionais realmente ajudaram nos primeiros meses? Conte sua experiência abaixo!
Veja também meu relato de como estou aprendendo inglês online, de graça. No site Curso de Inglês Web recomendo os principais sites que tenho usado, com vídeo-aulas, podacasts e lições em texto.
Tudo a ver.
Leio relativamente bem e traduzo 90% sem consultar dicionário ou qualquer outra coisa usando o mesmo método seu. – na marra rsrsrs.
Vou tomar vergonha e ampliar o meu conhecimento na língua. O pior é que tenho um filho que fala fluentemente cinco idiomas. pode?
Enfim,c’est la vie.
Grande abraço e parabéns pelo seu site
Me ligue sobre livros 19-3234.1225