Ubuntu: inovador ou não?
por Marcos Elias
Este é um artigo de opinião, a idéia veio depois de uma conversa rapidinha no Twitter. Se for comentar, LEIA. Se quiser me xingar (é com x ou ch mesmo? aff, odeio pt-br), xingue com argumentos e educação, que seu comentário provavelmente não será censurado. Mas lembre-se de que o site é MEU, não é um espaço totalmente democrático :P //zueira.
Ah, há algumas palavras nesse texto que alguns consideram “palavrão” e outros não. Isso é uma coisa muito pessoal. Escrevi em tom de conversa com amigos, então nada demais… É leve, mas já teve gente que me criticou por isso e veio falar um monte, que é feio, que não devo falar no site, etc e bla bla bla, então se preferir, pare de ler por aqui. São palavras que expressam bem algumas coisas, insubstituíveis, e se for pra me auto censurar num espaço que é 100% meu, prefiro nem escrever.
** Pra quem recebe por email: esse texto tem leves adições/correções.
O Ubuntu é considerada a distro Linux mais famosa, mais usada, mais admirada. Sempre no TOPO do ranking do DistroWatch – site que lista, entre as top, um monte de ODPC – One Distro Per Child. Eu não sou contra o ODPC, embora concordo que ele fragmenta ainda mais a comunidade. Esforços que poderiam estar sendo unidos para um Linux melhor no desktop muitas vezes são perdidos, deixados de lado, para repetir mais do mesmo. Em vez dos caras criarem um novo projeto que possa ser aproveitado pela base de usuários atuais… Que tal um player de música realmente bom (que não apague a playlist, por exemplo :P //só linkei, mas esse ñ é pra Linux ainda), um novo servidor gráfico, ou até mesmo um novo ambiente desktop (KDE 4 não agradou muita gente, Gnome tem facilidade para conquistar tanto fãs como inimigos… e os outros parecem aqueles políticos que ficam fora dos debates nas TVs grandes :P).
O @espacoliberdade tuitou:
#EuRi do cara no GdH chamando o #Ubuntu de inovador. Alguém lembra pra ele que o 11.04 será lançado com uma versão VELHA do #Gnome?
Nem sei se ele se referiu a mim, afinal já vi outras pessoas comentarem sobre o “Ubuntu ser inovador” no GdH – que agora é HW :P. Mas, como lembro de ter citado em algum lugar no GdH que diferente de outras distros, em outras palavras, “o Ubuntu inova, não tem medo e enfia as caras”, então acabei ‘me doendo’ pelo comentário dele.
Primeiro ele diz que o Ubuntu 11.04 (que está em beta) será lançado com uma versão VELHA do Gnome. Bom, pode ser fato. Mas pra que o Ubuntu deveria incluir o Gnome mais recentissíssimo sendo que o foco da distro deixou de ser o ambiente do Gnome? Não faria tanto sentido.
O Ubuntu cansou do mesmo: empacotar Gnome + X + kernel + módulos + aplicativos + papel de parede + tema gtk = NOVA DISTRO LINUX, fácil de usar, com muitos programas gratuitos e livres, com suporte, com apoio da comunidade, etc e bla bla bla…
O Ubuntu está tentando algo diferente. Estão desenvolvendo uma interface nova, o Unity. Pode dar certo, como pode não dar. O Windows Me e Vista não deram certo, mesmo assim a MS investiu neles – e serviram de base pra muita coisa futura, o Windows 7 é um sucesso (calma Linuxistas, ele é um sucesso dentro do nicho de mercado dele!) e o Windows Me permitiu a ela ganhar mais uns trocados nas custas dos usuários sem entregar algo de grande valor, e sem dar de graça na forma de um Service Pack para o Windows 98 SE. Se até no ramo dos negócios as empresas arriscam, porque no mundo do software livre não devemos arriscar?
A Canonical quis algo diferente. Comentei que os caras querem uma identidade própria, sem simplesmente empacotar Gnome + X + kernel + […] + papel de parede:
“:O Ubuntu não tá nem ae pro que os outros pensam, ele tem identidade, coisa q 90% das distros ñ tem :P”
O @espacoliberdade retrucou assim:
“@uebe deve ser por isso que fizeram os botões iguais aos do Mac, para ter uma “identidade própria”… kkkk”
Bem… É fato. No mundo nada se cria, tudo se copia. Se você for pensar assim, as patentes de software fariam mais sentido (eu tenho NOJO delas!). Porque todos os sistemas modernos usam um “x” pra fechar uma janela? Porque é intuitivo e Adão e Eva já usavam isso? NÃO! Definitivamente NÃO!!! Você nunca precisou teclar um “X” pra fechar uma janela física da sua casa ou apê, nem para fechar a gaveta de arquivos, ou uma pasta, etc. Alguém simplesmente viu outro sistema usando o “x” no cantinho pra fechar a janela, achou bom, foi lá e copiou – fora que, em informática, passa a idéia de deletar, de fechar, de sumir com aquela p… da tela. Beleza… E assim são os softwares atuais, sem exceção… O Gnome pretende remover os botões minimizar e maximizar… isso também é inovação sim, por mais que gere descontentamentos!
O Ubuntu copiou várias coisas do Mac – primeiro os botões à esquerda, que não gostei por não estar acostumado, agora o menu universal, na barra do topo – onde o menu é trocado de acordo com o aplicativo, no maior estilo da maçã. E o que a Apple fez? Ela copiou na cara dura a Central de Programas do Ubuntu. Que se dane se o iOS já tinha uma “app store”, o Linux no desktop tem isso há muitos e muitos anos. Antes mesmo do Ubuntu! Qualquer ferramenta de gerenciamento de pacote com repositórios e etc pode ser considerada uma “app store” – embora a interface seja essencial, afinal de nada adianta o Synaptic se os usuários básicos preferem ver uma descrição, screenshot, recomendações de uma forma mais “amigável”… Salve, salve, Kurumin com os ícones mágicos! Embora era um sistema feito à mão com vários scripts, sem uma “app store” de verdade, ele facilitava as coisas para os usuários. O Kurumin fez no Brasil o que a Conectiva tentou mas nunca conseguiu – depois veio o Ubuntu e créu.
Isso pode não ser inovação, concordo, é cópia (as coisas que o Ubuntu pegou do Mac). Porém, que outra distro Linux de grande porte topou usá-las antes das outras? NENHUMA. Tá aí, o Ubuntu inova. Ele quer ser um sistema fácil de usar sem necessariamente repetir mais do mesmo no mundo Linux.
Os caras tiveram a coragem de chegar ao pessoal do Gnome e dizer, assumir publicamente, que aquele sistema não atende as necessidades dos desejos dos criadores do Ubuntu. Isso é bonito. Eles têm idéias, eles lutam para realizá-las. Não querem Gnome nem KDE, querem algo próprio, querem ter o sistema operacional do sonho deles acreditando que seja bom para os usuários. Foda-se quem não gostar, se quer largar o Ubuntu por causa disso, você não estará perdido, afinal tem tanta distro fácil de usar, amigável, com versões recentes dos melhores programas grátis e livres – incluindo editor de textos, planilhas, apresentações, o GIMP, editor que dá pra fazer muita coisa que se faz no Photoshop, Wine para rodar programas do Windows, jogos maravilhosos (não é um Left 4 Dead, Modern Warfare, Crysis, GTA IV, etc, mas tá lá alguma coisa, que tal…).
Wayland… Outra inovação, embora ainda apenas em projeto. O pessoal do Ubuntu teve as manhas de chegar no X e chamá-lo de merda, de lixo, de antigo, de uma pedra no sapato que impede a evolução do Linux. O código do X é uma zona, muito lixo acumulado ao longo do tempo, impossibilitando melhorias que uma reescrita do zero forneceria com mais facilidade – mas muitos “linuxistas” não assumem isso e irão dizer que o X é uma maravilha, afinal nunca tentaram desenvolver aplicações que exigem aceleração gráfica para ele… O X deve ser tão antigo e ruim como a API do desenho das janelas no Windows: FUNCIONA, mas é cheia de remendos, muitas gambiarras internas pro Aero funcionar, e tantas outras coisas que podem dificultar a criação de mais temas visuais para o Windows. (tá bom, só tou comparando, afinal uso os 2 sistemas…)
Muitas outras distros têm medo de decisões arriscadas, têm medo de perder apoio dos desenvolvedores dos projetos open, até parece que ficam com o rabo preso… Ou têm preguiça mesmo e preferem ficar empurrando com a barriga, levando na boa, apenas atualizando os pacotes e criando a cada 6 meses ou mais uma nova versão de uma distro “revolucionária, fácil de usar, amigável, com muitos programas gratuitos e livres de qualidade, etc”…
Eu não uso o Ubuntu no desktop – ainda nem sei qual distro usar, mas gostei MUITO do Debian com os mods do LMDE. Não uso, mas bato palma para os caras. Afirmaram que X e Gnome são ruins para o que querem, e estão dispostos a trabalhar em algo novo, em criar a Unity.
Tecnicamente o Unity (o ou a… é, estudar inglês acaba zoando meu português :P) pode até rodar por cima do Gnome, aproveitando vários componentes dele, mas a essência visual e prática, que é o que importa pro usuário, está lá com uma identidade própria – não mais um mero tema GTK e um papel de parede comemorando uma nova versão do sistema mais fácil de usar, agradável, intuitivo, cheio de programas gratuitos open source de qualidade…
Tem um outro pessoal que reclama que o Ubuntu consome recursos da comunidade e não retribui. Não retribui? Como assim? O código tá lá, se te interessa, pegue e faça bom proveito, se não interessa, não atrapalhe o trabalho dos caras! Se há divergências entre Gnome 3 e Unity, são diferentes, o Gnome não quer ajuda da Canonical e vice-versa, foda-se! Essa é a liberdade, cada um no seu caminho e os usuários decidem – com certeza experimentar software livre dói muito menos do que trocar de religião, embora alguns tratem ambas as coisas com a mesma intensidade – ou talvez até com mais fanatismo pendendo pro lado do SL mesmo :P
E já que envolve opinião pessoal, não gosto do Gnome, ODEIO o Gnome. Ele parece que foi feito para criança. Faltam muitas opções. Tanto no ambiente gráfico Gnome em si como nos programas nativos. Dá um ódio ir na tela de opções do programa (quando ela existe!) e ver que não tem o que você quer, mesmo considerando aquilo básico, que qualquer Microsoft ou desenvolvedor do KDE colocaria nas opções. É, odeio o Mac também, é tão simples como o Gnome, deixando várias opções faltando. E depois ainda tem alguns fanáticos que vivem falando do regedit do Windows… E aí, quem precisa de regedit ou prompt de comando pra mostrar arquivos ocultos mesmo? É, Gnome e Mac OS X, vocês querem ser melhor do que o Windows/KDE mas não conseguem. Salve KDE, é nóis! Outra coisa que me irrita d+ no Gnome/GTK em geral e Mac OS X é o gerenciador de arquivos bastante pobre, as janelas abrir/salvar, etc… São coisas pequenas que não tiram o mérito dos outros recursos, mas são suficientes para que eu use Windows ou Linux num Mac, e prefira mil vezes KDE ao Gnome. Mas viva a liberdade: há quem goste da falta de opções, da simplicidade, das telas com menos itens, então ainda assim o Gnome e o Mac OS X são sucessos recomendadíssimos por seus fãs. Vivemos numa democracia, e não seria nada do software livre se não tivéssemos a possibilidade de escolha.
E o melhor é que é livre, você pode criar, você pode fazer. Se não está contente com o que encontra, vá lá e coloque as mãos na massa! É isso que a Canonical está fazendo, doa a quem doer. Parabéns, Ubuntu!
*** Se você quer saber das novidades do Ubuntu rapidamente em português, um blog que recomendo é o do André Gondim.
*** Esses dias o Ednei Pacheco fez um texto sobre isso também. Embora eu não concorde com tudo, se quiser ler aí está: Um voto de confiança para a Canonical e o Ubuntu.
Valeu a citação!!
Abraço!! ;)
… e eu assino embaixo disso aí tudo que você falou.
Estou usando o Ubuntu justamente porque estou de saco cheio de certas pentelhações estúpidas do Linux que nunca se resolvem. O Ubuntu, obviamente, está cheio delas também, mas adorei esse lance de querer trocar tudo, de mandar o GNOME às favas e tentar um treco diferente… se vai prestar eu também não sei, mas apoio a iniciativa e torço por ela.
“Dá um ódio ir na tela de opções do programa (quando ela existe!) e ver que não tem o que você quer”
Olha, você sabe que eu prefiro o GNOME ao KDE (não gosto do KDE justamente pelo excesso de ícones e configurações), mas que o GNOME exagera na economia, isso exagera. Outro dia fui abrir um arquivo em japonês no Gedit e não abriu por problema de codificação. Tive que instalar o Kate, porque o maldito Gedit não pode oferecer a opção boçal de escolha da codificação SHIFT-JIS sem que eu mexa numa configuração bizarra do GNOME, usando uns comandos obscuros de linha de comando que até agora eu não entendi direito. Inacreditável.
E a julgar por um artigo que traduzi outro dia para o GdH sobre o GNOME 3 (escrito pelo cara do LWN), parece que o próximo GNOME vai ser ainda mais imbecil nesse sentido. Tomara mesmo que o Unity dê certo, senão eu não sei mais pra que lado eu vou.
Bom, bacana. Estava nessa “conversa” no twitter tb, com o @espacoliberdade. Não o acuso, ele tem a opinião dele, eu a minha.
Não sou contra o gnome e sua simplicidade, gosto muito do Gnome como gosto do KDE. O gnome tem algumas configs obscuras e pode ser bastante completo se adicionar scripts e souber onde mexer (mas isso seria para um user mais avançado).
Mas uma coisa que me irrita no Gnome é o gconf (que é aquilo, senão uma versão resumida e incompleta do registro do Windows). Icaza conseguiu realizar o sonho dele de trabalhar para a Micro$oft…
Mas, sou usuário do KDE 4.5 (que irei atualizar para versão 11.04 do kubuntu (kde4.6) quando sair) e apesar da Canonical meio que deixar de lado o Kubuntu, ainda o uso dado os repositórios, e a enorme comunidade em torno do eco sistema do Ubuntu. É a distro que recomendo para substituir o rwindows devido a quantidade absurda de dicas e programas com repositórios launchpad para se deliciar de instalar coisas novas. E, o lauchpad, wayland, Unity, a abordagem da Canonical, suas decisões executivas, se não são inovações, oras, o que é então? Foram onde nenhuma distro foi até agora, que como diz o artigo, só juntavam tudo o que as outras tinhas e anunciavam como uma revolução mais do mesmo. (isso aliás, é tática da micro$oft, pintar as paredes e vender como uma casa nova).
Bom, é isso.
Assino embaixo sobre o artigo. Somente discordo quanto ao KDE. O KDE tem muito mais opções que o gnome, mas em consequencia, tem um montão de bugs irritantes e é bastante pesado. Pra mim, o gnome é muito melhor que o KDE.
Vlw Turma…
Lunga, o KDE tem bugs porque os caras correram pra lançar e mesmo avisando, um monte de distro importante fez cagada de colocar o KDE 4.0 no sistema padrão e depois ir atualizando.
As versões atuais melhoraram MUITO (mas não estou falando que estão perfeitas ainda… :P).
Ah que saudades do KDE 3.5, aquilo era excelente e estável!
Recomendo ouvir o Opencast #2 que fala sobre a comunidade Ubuntu-BR e alguma coisa sobre o Unity que pode esclarecer algumas coisas. O Podcast tem a participação do André Gondim e pode ser acessado em
http://www.ubuntero.com.br/2011/03/opencast-episodio-2-comunidade-ubuntu-br/
@André Gondim :)
@Roberto: Po cara, fico feliz em ter amigos como vc que amam SL e Linux mas não são fanáticos, ao ponto de saber reconhecer as deficiências de alguns projetos que outros negam até a morte que existem :P
@Ricardo: Eu tentei usar o Kubuntu por várias vezes, mas em todas elas acabei me decepcionando e preferindo qualquer outra distro com KDE. Não sei como está ele hoje, mas deu vontade de testar de novo pelo seu comentário. Ah, adorei a frase “Icaza conseguiu realizar o sonho dele de trabalhar para a Micro$oft…” kkkkk
@Ivan: vlw a indicação, vou ouvir, ainda não conhecia esse pod.
@Roberto,
Gosta dos aplicativos GTK? Não quer ir para o KDE? Para isso existe XFCE, LXDE, Fluxbox… :-D
Aqui em casa, dá-lhe XFCE.
Boa Mah ^^
Acho que vc exagera pegando pesado no Gnome, eu gosto dele, é tão bonitinho… kkk mas concordo que já briguei com ele algumas vezes, vc vai na tela de opções dos programas e.. seria melhor se elas nem existissem, já que muita coisa que vc quer não tem.
No mais é isso ae msm, a Canonical teve a CORAGEM de ir a luta sem ficar repetindo a história das distros… Ela quer algo diferente… Gnome (seja 2 ou 3) qualquer um usa em qquer distro, KDE tb, ela quer a marca dela, a interface dela. Se for bom o pessoal vai usar, se for ruim ela mudará de idéia, mas não dá pra saber se não ARRISCAR.
Bem colocado o artigo!!!
Como usuários do SL devemos ter a dose necessária do bom senso para reconhecer as vantagens e deficiências inerentes a cada Distro,Ambiente Gráfico ou o que quer que seja.
Cada um usa o projeto que melhor atenda suas necessidades e é isso que o SL tem de melhor.
Show de bola.
Bem colocado e aprecio vosso geito de se espressar sebre o que quer e realmente PARABÉNS UBUNTU 11.04, uso e já uso desde a verssão 8.04, porem fica cadavez mais independente a cada dia em relação as outras distros, mesmo sabendo que meus filhos gostam do MINT, em casa é um consenço, a unica coisa que devemos aceitar como constante é a mudança permanete para melhoras mesmo que isso leve a algumas quedas, mas as quedas ou os erros só servem para nos levantar ou melhorar, o bom é sempre arriscar e resolver depois se der errado ao ficar no mesmo sem conhecer novos horizontes.