O
que é um sistema de arquivos? Sem um grande
aprofundamento no funcionamento de um disco rígido,
vamos lá... Quando os dados são gravados no HD, pedaços
dos dados são gravados no primeiro espaço livre que
estiver mais fácil para a cabeça de leitura/gravação
encontrar. Se o arquivo couber nesse espaço, o HD
finaliza a gravação aí. Mas se não couber, o arquivo é
“picado” e os próximos pedaços são gravados nos próximos
espaços livres encontrados. Ao gravar um arquivo, o
sistema operacional grava numa tabela numa área especial
do disco, o nome do arquivo e o local físico no
disco onde ele está. Esse local é indicado seguindo uma
codificação, que o sistema operacional entende. Por
exemplo, ele grava o arquivo “Carta.doc” na linha 21,
coluna 25, correspondente, digamos, a quadra 458. Quando
você abrir esse arquivo, ele sabe que os dados
referentes a ele estarão nesse lugar. Os dados no HD são
guardados em compartimentos de certa forma embaralhados,
e é por meio da tabela que o sistema grava que ele pode
ler e encontrar os arquivos. Quando você apaga um
arquivo, os dados dele não são necessariamente apagados,
ele é removido da “tabela”, do “índice”. Estando livre
na tabela, o sistema sabe que o espaço na “quadra tal”
está livre, e quando você salvar outro arquivo, ele
poderá ocupar essa quadra. Ao modificar um arquivo
existe adicionando dados, os dados adicionados vão para
as próximas quadras livres, e a tabela é atualizada,
indicando que aqueles dados pertencem ao seu arquivo.
Em
nível elementar, o HD possui um mecanismo interno que
trabalha de forma semelhante, porém transparente para o
próprio sistema operacional.
Tudo
bem... Mas onde entra o sistema de arquivos nessa
história? Ao gravar a tabela, o sistema operacional a
grava de forma que ele possa lê-la depois. Para isso ele
usa um conjunto de regras próprias, que outros sistemas
operacionais não entenderiam, a menos que estivessem
programados para tal. Essas regras constituem o “sistema
de arquivos”. O FAT, mais antigo, era usado pelo DOS e
pelo Windows 3.11, além do 95. Ele tinha muitas
limitações, só funcionava com partições de até 2 GB.
Quem tinha um HD maior (na época era difícil...) deveria
particioná-lo em diversas partições de 2 GB ou menores.
Ele é um verdadeiro desperdiçador de espaço. Ao gravar
os dados dos arquivos nas quadras, se o arquivo cabe
inteiro na quadra, ele a ocupa. Mas se não cabe (o que
quase sempre acontece, afinal as quadras devem ser
pequenas para que possa caber bastante coisa no HD),
então ele é dividido e gravado em várias quadras. Mas
cada quadra pode manter apenas os dados de um arquivo.
Sendo assim, se o último pedaço do arquivo ocupar apenas
“um pedacinho” de uma quadra, o restante dela deverá
ficar livre, não podendo guardar dados de outro arquivo.
O FAT usa uma quadra muito grande. Ao gravar arquivos
pequenos, eles ocupam uma quadra inteira no mínimo; por
exemplo, um arquivo de texto de 5 kb poderia ocupar uma
quadra de 32 kb, o que é um grande desperdício. Os 27 kb
restantes não poderão ser usados por outros arquivos, a
menos que este seja apagado. Os sistemas atuais mantêm
compatibilidade com FAT, afinal “ainda” é usado nos
disquetes de 3½ polegadas. Ela também é chamada de
FAT16. Já o FAT32, usado no Windows 98 e 95 com as
últimas atualizações dele, é uma versão adaptada da FAT.
Basicamente usa “quadras menores”, evitando o
desperdício de espaço. É o sistema mais recomendável
para computadores domésticos ou escritórios que possam
se abster dos recursos oferecidos pelo NTFS (veremos já,
já). Vale lembrar que o MS-DOS antigo, o Windows 95 puro
e o Windows NT 4.0 não reconhecem FAT32. As versões mais
recentes de Windows mantêm compatibilidade com FAT32, e
podem ser instaladas nesse sistema de arquivos. O FAT32
permite o uso de partições de até 32 GB pelo Windows XP
(originariamente o FAT32 suporta volumes de 512 MB a 2
TB). Porém esses
sistemas, FAT e FAT32, não oferecem recursos de proteção
aos arquivos. Qualquer um pode ler, apagar, editar...
Eis onde entra o NTFS, “Sistema de arquivos do Windows
NT”. Ele é um sistema mais robusto, permite maior
gerenciamento dos dados do HD. Atualizado para o NTFS 5,
com o Windows 2000 (uma atualização do NT), trouxe mais
vantagens. Algumas vezes ele reduz um pouco o
desempenho, especialmente em computadores com menos
recursos, mas nada tão significativo. Com ele, o
desperdiço de espaço é menor ainda. E o sistema marca
automaticamente as quadras defeituosas do HD,
para não mais utilizá-las, coisa que com o FAT ou FAT32
só ocorria ao passar o scandisk no modo completo.
Além disso tudo, “tchan tchan”... Ele traz recursos de
segurança: os arquivos podem ser protegidos para cada
usuário, e um usuário pode bloquear seus arquivos.
Quando o usuário X entra no sistema, por exemplo, com
sua conta e senha, ele não pode acessar os arquivos do
usuário Y, a menos que o usuário Y tenha configurado as
permissões de modo a permitir acesso a esse usuário ou a
todos. No entanto, hoje em dia diversos sistemas,
incluindo algumas distribuições Linux, podem acessar e
ler em NTFS. Assim a proteção por usuário não teria
efeito, visto que o Windows não estaria em uso para
gerenciá-la... Mas o NTFS oferece duas novidades na sua
versão 5, incluídas no Windows 2000: compactação e
criptografia. A criptografia grava os dados codificados,
com base na senha do usuário. Outros sistemas não
conseguirão acessar os arquivos. Se o usuário perder a
senha, adeus arquivos... E a compactação é diferente do
ZIP ou de qualquer programa de compactação. O Windows
compacta os dados gravados e não o arquivo em si.
Isso de forma transparente para o usuário: você manda
gravar o arquivo “Lista.xls”, de 1 MB. O Windows vai
gravando e compactando, de modo, por exemplo, que esse
arquivo ocupe 0,7 MB em disco. Ao abrir o arquivo, os
dados são automaticamente descompactados, você nem
percebe. Em um Pentium II ou superior isso praticamente
nem reduz o desempenho. As taxas de compressão
dependerão muito do tipo de arquivo (arquivos de texto e
imagens em bitmap, que possuem grande quantidade de
dados redundantes, podem ser extremamente comprimidos,
enquanto que arquivos já compactados, como imagens em
JPG ou músicas em mp3 dificilmente apresentam boas taxas
de compressão). Quanto a criptografia dos arquivos em NTFS recomenda-se usá-la apenas, e apenas mesmo, se você
realmente precisar dessa proteção. Se por qualquer
motivo a senha do usuário precisar ser redefinida, não
será mais possível abrir nem editar os arquivos
protegidos. Ao compactar ou criptografar uma pasta, todo
o conteúdo dela será compactado ou criptografado, embora
você pode fazê-lo também com arquivos individuais. A
compactação e criptografia em partições NTFS podem ser
acessadas nas propriedades da pasta ou arquivo,
aparecerá um botão “Avançadas”. Por padrão, ambas ficam
desativadas.
É na
formatação que se define o tipo do sistema de arquivos,
e a estrutura do HD é preparada para o sistema
operacional em questão. O Windows 2000 ou superior
possui um conversor, que pode converter uma partição
FAT32 em NTFS, sem perder os dados.
No
geral, prefira o NTFS, por ser mais seguro. Na instalação do Windows, escolha “Formatar
a partição usando o sistema de arquivos NTFS”. Mas o
Windows 9x/Me não lêem partições em NTFS. Se você pretende
manter um desses sistemas em dupla inicialização com o
Windows NT, 2000, XP ou superior, aí você deverá
formatar a partição
ativa (normalmente a “C”) em FAT ou FAT32. E se a
partição do outro sistema for NTFS, ela não será
acessível pelo Windows 9x/Me.
Dica: não escolha a formatação “rápida” oferecida pelo
Windows XP ou superior, a menos que você tenha certeza
que o HD não possui áreas danificadas. Na formatação
“completa” ele demora um pouco mais, mas varre o disco
procurando setores (as “quadras”) defeituosos e marcando
para não utilizá-los. Afinal, gravar arquivos em áreas
assim é dor de cabeça, depois eles ficarão corrompidos
ou não poderão ser abertos. Seja em HDs novos ou velhos,
é bom escolher a formatação completa.
Saiba que... O desperdício de espaço por causa do
tamanho da “quadra” praticamente sempre existe. Por
isso, nas propriedades dos arquivos e pastas, o Windows
mostra “dois” tamanhos: “Tamanho”, simplesmente, e
“Tamanho em disco”. O “tamanho” indica a quantidade de
dados do arquivo, independentemente de onde ele esteja.
Seja num HD, CD/DVD, disquete, Internet, etc. Agora o
“Tamanho em disco”, indica o espaço ocupado pelo arquivo
num disco específico, levando em conta o sistema de
arquivos utilizado no disco e o tamanho da “quadra” do
mesmo. Um exemplo fictício, mas didático: um arquivo de
15 kb é gravado numa quadra de 32 kb. O tamanho do
arquivo é 15 kb, mas o tamanho em disco é 32 kb, pois
são necessários - e estão sendo gastos - 32 kb do disco
para comportar esse arquivo.
Mais: FAT quer dizer “File Allocation Table”,
“Tabela de Alocação de Arquivos”. Isso em referência a
tabela que armazena os nomes e os caminhos dos arquivos,
além das propriedades deles (oculto, somente-leitura,
etc).
Nota: preparei este tópico para usuários leigos e
comuns, que não precisam saber como funciona um HD por
completo nem com os termos técnicos, como clusters,
trilhas e setores. Se você quer se aprofundar no
assunto, poderá facilmente encontrar informações sobre
FAT, FAT32 e NTFS e na “Ajuda e Suporte” do Windows
2000/XP ou na Internet. E, sobre os HDs, em apostilas
específicas, muitas disponíveis gratuitamente na
Internet.
Conclusão: prefira o NTFS, que é mais seguro, a menos
que você use um computador muito antigo (lento) e sem
Internet. Mas é bom estar avisado: não adianta NADA
deixar o HD formatado em NTFS e ficar usando uma conta
de Administrador para acessar a Internet. Em termos de
segurança, seria a mesma coisa do FAT/FAT32: qualquer
script ou programa mal intencionado poderia se
aproveitar dos direitos de administrador para causar
danos ao sistema. Use o NTFS, mas use também uma conta
limitada ao navegar na Internet ou ao testar programas
suspeitos. Para mais informações sobre as contas de
usuários e a segurança a elas atribuídas, em conjunto
com a proteção oferecida pelo NTFS, veja o
próximo capítulo, especial sobre
o NTFS. |